A maternidade e uma coisa maravilhosa.
Pra quem não sabe, foi um pouco difícil eu entrar neste mundo.
Com 1 ano de casamento descobri que tinha endometriose, foram muitos médicos , ate conhecer um especialista neste assunto, após um tratamento um pouco longo, fiquei gravida.
perdi com menos de 1 mês ( não sabia que estava gravida na verdade), com menos de 3 meses engravidei novamente, foi uma gravidez difícil, ao qual fiquei dos 4 aos 9 meses de repouso, pressão alta, mais nasceu minha princesa Nina.
Devido a este problema de endometriose resolvemos tentar novamente quando a Nina tinha 1 ano e pouco, fiquei gravida da Lara a sapequinha, desde dos 2 meses ela não parava de pular na minha barriga.
era ciumenta, ia cuidar da Nina, colocava a nina no colo, e ela logo começava a chutar, rs
era mandona, só podia deitar do jeito que ela queria.
era uma sapeca.
fiquei enorme, gigante, todos achavam que estava gravida de gemios, ate eu achei e vivia pedindo pro medido da ultra verificar se realmente tinha pq a barriga estava enorme.
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Nossa Ultima foto juntas. |
No dia 29/04 para 30/04 começa as contrações ( como seria no publico, tem a regra de ter 4 Cm de dilatação para ser atendida, ou bolsa estourada), esperei as contrações ficarem ritmadas e nada; fiquei das 6 da tarde ate as 2 da manhã com as dores e nada de ter ritmo, só ficava em 30 a 40 segundo de dor. mais ai surge um sangramento, e fomos para a maternidade.
Me deram remédio pra dor, a dor não passou ( então era contração de verdade e não a falsa, pois a falsa passa com remedio) mais o colo do útero estava fechado. me passam exame de cardiotocografia,
As 5:00 da manha faço os exames, Lara não para de chutar estava irritada talvez com o som do exame que era alto, e nas contrações ela mexe cada vez mais.
As 5:30 o exame acabou e volto para sala de espera para esperar a medica me atender, mais entra 3 gravidas que chegam com bolsa estourada ( elas tem prioridade no atendimento, já que a bolsa estourou)
As 6:30 me chamam novamente, deito na cama, colocam para escutar o batimento cardíaco e silencio. a medica fala que o aparelho esta ruim pega outro, e escuta a mesma coisa, silencio.
ela me manda a enfermeira me levar para o segundo piso as presas para fazer uma ultra ( eu já nervosa e com contrações que vai e vem e nada de ter ritmo) quando ela consegue as chaves da sala para fazer minha ultra vem com mais 1 medica e 1 enfermeira e não encontra mais batimento cardíaco.
Imagina o desespero de uma mãe com 37 semanas e 2 dias de gestação, mala da maternidade com o marido, tudo separadinho com o maior cuidado e amor.
Entrei em desespero, me encaminharam para o centro cirúrgico para uma cessaria de emergência.
eu só sabia chorar e implorar para tentar ressuscitar minha filha.
Foi muito difícil passar por tudo, anestesia, sonda com as contrações e minha filha morta dentro de mim.
a presa era tão grande que nem esperaram a anestesia fazer o efeito completo, ainda sentia meus pés quando começaram a me abrir.
Senti quando ele empurraram ela para tirar dentro de mim e apaguei ( fui anestesiada para dormi).
Acordei desorientada com a as conversas das enfermeiras, falando de festas, de baile de sair ... e meu coração quebrado pois uma parte de mim tinha morrido, uma enfermeira ( um anjo) me viu acordada chorando, e veio me consolar, perguntei e ela falou que infelizmente não teve o que fazer, perguntaram se queria ver ela, falei que sim, abriram um zip de um pacote branco do meu lado e tiraram minha filha morta, mais eu estava ainda sobre efeito da anestesia e sem óculos e não consegui ver ela, só vi ela embaçada, parecia ser cabeluda, branquinha, mais estava um pouco vermelha demais. e depois guardaram e levaram embora.
9 meses sonhando com o rostinho dela e nunca mais vou saber coo era, a quem puxou mais, se foi eu ou o pai, 9 meses sonhando em sugurar sua mão e nunca mais vou poder fazer isto.
não vou poder fazer um carinho em seu cabelo ou rosto.
Fiquei um bom tempo naquela sala, chorando me sentindo um lixo, como podia ser possível, eu gerei, eu senti, eu amei, eu brinquei e conversei com ela, e não pereci que ela estava morrendo dentro de mim, eu escutei o seu coração e senti seus chutes 1 hora antes de ser diagnosticada sem batimento cardíacos. como era possível. que mundo cruel era este.
Soube que estava demorando na sala, pois estavam tentando conseguir um quarto vazio ( com era hospital publico as enfermarias costumam ter varias pessoas) e estavam tentando conseguir um quarto sem bebês, pois poderia piorar meu estado.
Quando me transferiram para o quarto tinha uma moça com seu filho, eu entrei em desespero, chorei de berrar, nunca chorei tanto, era um choro desesperado, um choro que mau se respira, um choro com uma dor tão profunda que não sei explicar. tiraram a moça com seu filho e levaram para outro quarto, a enfermeira ( anjo) me consolou mais uma vez.
Esqueci de falar a Lara morreu porque tinha um nó verdadeiro, as contrações fizeram o nó apertar e matou ela sufocada.
Segui 2 pra 3 dias naquela maternidade, não podia ver bebês então procurava não sair do quarto, pois tinha crises de choro horríveis, meu marido e minha família me ajudaram muito.
Não conseguia me ver no espelho, pois eu tinha o corpo de gravida, porem uma barriga mucha e vazia, sem minha filha ali ou sem filha do meu lado.
me apoiava na minha outra filha que já estava com 2 aninhos, na Nina, eu tinha que ser forte por ela, não podia ser egoísta e só pensar em minha dor.
Não esta sendo fácil, hoje completa 44 dias da perda da Lara, e tão estranho.
Ficamos irracionais em alguns aspectos, eu saio na rua e tenho vergonha dos outros, das pessoas, principalmente das que sabiam que eu estava gravida.
como não amamentei não emagreci muito, estou com uma barriga de gravida e algumas pessoa perguntam para quando que o bebê vai nascer ...
parei de ficar presa em casa, e em qualquer condução que pego, as pessoas querem me dar lugar achando que estou gravida.
Ainda tenho minhas crises de choro, ainda não posso ver bebês, pois me faz lembrar da minha que perdi.
Me sentia como se a minha alegria tinha sido arrancada e puxada de mim. alto estima, nem sei o que isto significa.
mais estou metendo a cara no serviço, não foi fácil voltar (fiquei 3 semanas na casa da minha mãe) e fiquei muito mau, por chegar lá sem minha Lara, não foi isto que imaginei e sonhei
as roupinhas dela estão guardadas ( escondidas de mim), e pelo jeito vai ficar durante um tempo.
Quando saio, só consigo enxergar bebês, o mundo parece que só existe isto, e doí, tento desviar o olhar, mais e o choro ? tenho aprendido a viver escutando musica altaaa, e tem me ajudado e muito a deixar a dor pra trás.
E estranho, pois vc mão imagina a dor, apenas sonha com a alegria.
Tive varias fases dificultes depois disto.
O leite desceu, e era uma péssima lembrança, tomei remédio pra secar, mais ele desceu mesmo assim, tive que fazer compressa com gelo de 3 em 3 horas durante 1 semana.
sentir as dores da cessaria e tranquilo quando vc tem um bebê, sei disto pq com a Nina foi assim, mais desta vez não foi, não tinha a Lara, então doía demais, não só no corpo, mais no coração, e complicado ter uma cessaria quando há perda do bebê.
Mas graças a Deus eu tenho um marido que me ajudou muito, me deu muito apoio, escondeu a própria dor pq ele sofreu muito) pra me consolar, e tenho uma filha linda e sapeca pra me fazer rir.
A dor da perda da Lara esta ficando pra trás, ela existe, ainda choro muito por ter perdido minha bebê, mais sei que isto não vai trazer ela de volta, devido ao nó, ela teria nascido talvez com alguns problemas pois ela não engordou em 2 semanas, o nó já estava privando ela de alimento e talvez de oxigênio, foi melhor pra ela talvez.
E sigo com a vida, o meu maior remorso e pensar que talvez se tivesse sido no particular, ela teria sido mais bem acompanhada em termos de ultra ( no particular com a Nina fiz ultra pra tudo, até pra verificar o cordão umbilical, se estava passando tudo direitinho pra ela, pra Lara foram 3 exames de ultra normal, nada de mais, exames básicos) talvez ela pudesse estar viva se tivesse sido bem acompanhada no pré natal, talvez tivesse sido prematura, mais viva o erro foi meu de engravidar sem ver primeiro um plano de saúde e meu culpo por isto.
o hospital onde a tive foi ótimo, me deu toda a assistência possível, mais onde fiz a minha pré natal não foi tão bom assim.
e o outro remorso, foi pensar que não percebi que minha filha estava dando seus últimos chutes de dor, de desespero pq ela estava sufocando, e eu não fiz nada, não percebi.